quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Carência afetiva: Espaço breve entre estar só e bem acompanhado

Falar em carência pode soar um tanto quanto assustador, afinal de contas esse é um dos requisitos principais para se mandar alguém com passagem só de ida para a lua. Au revoir!
Gente carente é evitada, é taxada de melodramática, é dependente física de outras pessoas, pessoa carente é vista como depressiva, insegura e para os adeptos de gírias idosas, são chaves de cadeia.
Quando na turma de amigos alguém solta a frase: “tô carente”, imediatamente pensamos: tá sentindo falta da ex; E essa não seria uma má hipótese já que justamente por esse motivo regredimos a relacionamentos anteriores e caímos no famoso flash back da vida, a recaída do coração.
Quem nunca procurou o ex num momento de fraqueza, após buscar amor onde não podia encontrar?
Quem nunca ligou bêbado para a ex namorada após uma noite fútil de piriguetes e bebidas à vontade?
E quem nunca beijou várias bocas com o intuito de fugir da temível frustração amorosa?
Ser carente é um estado de espírito e ele pode passar com a mesma rapidez que surgiu, ainda que inconscientemente você acredite não ter talento algum para relacionamentos e que chupar cana e assobiar ao mesmo tempo seja muito mais fácil. 
Carência nada mais é que ausência total ou parcial de laços afetivos, é compreensível que a falta desses vínculos nos façam tomar decisões drásticas algumas vezes, porém não devemos deixar de acreditar que a presença dessa necessidade é o que nos faz ir em busca de melhores oportunidades. Sabe aquele dia em que esbarrou com seu amor dentro do ônibus e desde então sua vida mudou? Foi movido pela precisão de afeto que tudo começou, o lado positivo disso tudo é basicamente esse, ficamos mais permissivos e abertos a novas experiências. A escassez afetiva é como um prazo que damos a nós mesmos antes de entrarmos numa nova relação, é o espaço breve entre estar só e bem acompanhado.
 Para quem já passou pela fase foreve alone fica a experiência de dias solitários, porém reflexivos, para quem ainda não passou, não há o que temer, pois uma das primeiras necessidades do homem foi exatamente essa: ter a presença física de alguém. 
Há quem diga que não basta ser carente, é preciso escrever no facebook “sinto sua falta” e curtir o próprio status, há quem diga que carência faz bem porque aprendemos a ser companheiros de nós mesmos e há também aqueles que já receberam passagem para a lua sem direito a voltar, o fato é que todos voltam um dia e retornam entendidos de que carência pode até ser uma viagem indesejada, mas não chega a ser um estágio de outro mundo.

Carine Morais

4 comentários:

  1. Você conseguiu colocar em palavras um fase da vida, que todos passam, porém poucos são capazes de expressar, ainda mais com palavras, estou virando seu fã! Rsrsrs... Você é ótima!

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    1. Obrigada Wendel!
      É verdade... Admitir que existe a necessidade de algo ou alguém pode se tornar difícil quando encaramos a situação como uma potencial fraqueza do ser humano, mas se considerarmos que a carência afetiva pode ser um sinal positivo que damos a nós mesmos, a coisa fica bem mais fácil e podemos fluir tranquilamente entre nossas emoções.

      Obrigada pela visita!
      Beijos meus ;*

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  2. Isso aí, aprender a sair sozinho, viajar sozinho, se dar um tempo, se organizar por dentro. Depois é estar pronto para outra.

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  3. Concordo contigo Daniel, para tudo existe um tempo e é preciso respeitá-lo!

    Beijos meus

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