O amor pode ser a geleia na torrada ou pode ser o pote
inteiro, pode ser as torradas, desde que não muito passadas,
entregues com gentileza numa bandeja.
Amor pode ser o abrir dos olhos, a luz que entra pela janela
e faz carinho no rosto, que faz coçar a barba, que faz sentir vontade de não abrir
os olhos, nessa hora, se abrace.
Amor pode ser o abrir das cortinas vislumbrando um novo dia,
observando cuidadosamente um pássaro tecer seu ninho para o futuro que o espera.
Amor também são pássaros no ninho, filhos que nos enchem de
alegria, são frutos, sementinhas que brotam vitoriosas.
Amor é o esticar do corpo que faz estalar a coluna, entorta
os braços, mas endireita os laços de amizade com você mesmo.
Amor, é percurso, estrada feliz que te acompanha pela grama, é cercadinho que protege seu jardim, mas que permite que sejam
vistas as flores cultivadas.
Amor é ato, estado, cidade, um país inteiro, é graça, risada, é
alma pedindo vida, pulmões que respiram em força total.
Aprendi com os amores do dia a dia que o amor é bondade
transformada em ação, é o desejo que por vezes nos falta de enxergá-lo nas
pequenas coisas, que na verdade são grandiosas.
Mesmo quando decidimos não
encontrá-lo, ou ignoramos sua existência, ali ele está, permanecendo fiel, a
espera de olhares tangíveis à sua sensibilidade. Eis a bondade de amar em seu
sentido mais concreto e consumado: o amor acontece no exato instante que nossos
olhos se lançam em comunhão com o que vêm e ali mesmo, incrédulos, abobalhados,
se casam para sempre, felizes, sem fim.
Carine Morais