domingo, 29 de janeiro de 2012

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É correto acreditar que uma coisa só acontece quando tem que acontecer? Quem disse isso? Onde está escrito? Tenho me perguntado ultimamente.
A vida é um game, você passa de fase, ganha vidas, fica forte, mas pra zerar o jogo precisa enfrenta o grande chefão, que pode ser ele: dores, medos e traumas adquiridos com o tempo. Por diversas vezes a terrível mania de apertar start justo na hora de enfrentar o inimigo tem nos deixado cegos para um monte de estrelinhas brilhantes que gritam por atenção, talvez sejam vidas pra continuar jogando, bônus pra ficar mais forte ou a própria intuição indicando o que deve ser feito. 
As pessoas estão sempre nos ensinando aquilo que devemos fazer, "uma coisa de cada vez", 'um passo após o outro", degrau por degrau na eterna escada da vida, ok! Temos que seguir o curso natural das coisas, mas acreditar que quem espera sempre alcança e que devagar se vai ao longe é contar demais com a sorte... Sinto cheiro de preguiça nisso aí.
Me pergunto constantemente pra que toda essa necessidade de acreditar que uma coisa só acontece porque tinha de ser? Não vejo outra palavra além de conformismo para quem deposita sua fé no misticismo de uma xícara com borra de café e sua vida traçada lá dentro ou nas cartas do Tarô que inclusive só podem ser jogadas a cada 30 dias para não distorcer o primeiro destino informado. É concordância demais aceitar que você não pode mudar seu percurso, que se ele está traçado, já era, bye bye! Não há nada que possa ser feito. Se alguém te fez acreditar nessa inverdade saiba que nada pode ser provado com uma simples primeira opinião, vá você mesmo atrás de uma resposta mais condescendente, pois até no mais simples jogo de corrida a direção pode ser mudada. Ao invés de fugir dos medos que te atrapalham ou adiantar seu relógio para o horário de verão, que tal tomar a decisão da sua vida no horário que foi marcado para acontecer?  Retome sua fase, ou mude para uma nova, está muito difícil? Convide um amigo, compre umas batatas, é sempre mais agradável quando se está acompanhado. Acredite, não podemos mudar nosso próprio destino da noite para o dia, mas temos o poder de mudar a sua direção.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Dos dias ao seu lado II

Aquele sofá era nosso cúmplice, nele tirávamos fotos bizarras, trocavamos carinho e cafuné sem pressa, ele era bem velho, mas um velho confortável, senti uma falta danada quando levaram ele daqui de casa e pensei com meus botões: como é que se arranca assim um pedaço da lembrança de alguém?  Minha mãe sempre diz que não devemos nos apegar à bens materiais, porque não levaremos absolutamente nada dessa vida, "a gente so leva o que a gente aprende", então dias atrás decidi me livrar de todas as coisas que eu idolatrava toda vez que lembrava de você, serrei ao meio nosso porta retrato com nossos nomes em madeira, apaguei suas mensagens da pasta: “amor eterno”, doei todos os ursos, aposentei todas as roupas, desgastei todas as sandálias que me deu de presente e não mandei consertar, parei de pensar em todas as vezes que deitava no seu colo no nosso velho sofá azul, que hoje já não é mais nosso, foi entregue à loja de movéis usados da esquina, transformado e reformado em vermelho bordô; seu signo já não leio e deletei do pc a foto de como seriam nossos filhos, não adoro mais nada do que foi seu, não me prostro mais com sua fotografia no peito, e nem rezo mais pra você voltar, o templo se desfez e somente o que sinto permanece sagrado, porque o que a gente sente, bem, isso não dá pra jogar fora, nem vender para uma loja de sentimentos usados, como minha mãe mesmo diz, a gente só leva o que a gente aprende e feliz ou infelizmente aprendi amar você.


Dos dias ao seu lado

E todos os dias eu penso em escrever alguma coisa sobre você, porque de repente assim do nada me bate uma saudade sobrenatural da gente, fico juntando cacos da vitrine perfeita que era o nosso amor, você sempre sorrindo com aqueles dentes que venderiam qualquer creme dental do mundo, e as pessoas simplesmente compravam a gente, porque formávamos um casal bacana, combinávamos dentro e fora das fotografias, era o que todos diziam. Sabe a musica que a gente escolheu, pois é, toca na minha cabeça mais que “Ai se eu te pego” do Michel  Teló, então me lembro do dia em que escrevi a letra e coloquei no porta retrato que você me deu, era plágio, mas era nossa, o refrão repetia vinte vezes, mas era nossa, ela era uma oração e por isso era nossa, tão e somente nossa. Vejo trailers e anúncios de um amor que acabou então o filme começa com pipoca borrachuda e refrigerante quente, então você me volta à lembrança, e me vejo nas duas viagens que fizemos juntos, você me abraçando sentado na grama, em outra cena cuidando de mim com um soro horrível no braço, de repente me vem o gosto do suco de caixinha que você comprou dizendo que eu precisava de doce, mas a vida não poderia ser mais doce, porque eu já tinha você.

Carine Morais


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

E o meu amigo secreto é. . .

O que é pior: brincar de amigo oculto e fingir que gostou do presente, ou não poder troca-lo porque fingiu que gostou?

Confraternizações de fim de ano, impossível viver sem elas!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Clariceando o ego

  Só então vestia-se de si mesma, passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser.

 Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

  É como se a vida dissesse o seguinte: e simplesmente não houvesse o seguinte. Só os dois pontos à espera.

 Gosto do modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.

Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.

Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.

Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então.

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.

(Clarice Lispector)