quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Sobre quem vos escreve
Um coração
pulsando
fora da caixa
toda sentimentos
carne e nervos
o repousar da abelha
na flor da pele
querendo ser rainha
de si mesma.
- Carine Morais
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Evidências
Se conheceram num bailinho, Whisky
a Go Go rolando solta na época em que acabava de ser lançada, dois passinhos e
uma voz desafinada ao pé do ouvido: Eu
perguntava, do you wanna dance? E te abraçava... Ela sorria sem jeito,
professora de canto, não queria ser displicente e devolver com um: canta em dó maior, porque ta ruim pra caramba.
Ele era professor de dança, naquela
época dança de salão era a sensação do momento, engraçado que dança de salão ainda
é a sensação do momento até hoje, se tem uma estratégia que funciona é essa,
chamar para um embalo a dois, foi o que ele fez, foi o que ela também tentou fazer,
marca dali, gira e pisa, pisou no pé do rapaz, ele sorria sem jeito, afinal não
podia ser deselegante e falar pra moça: você
dança ruim pra caramba hein. Preferiu dizer outra coisa.
- Aceita uma bebida? Foi a deixa
para conversarem no cantinho do bar com gelo e cuba libre.
- Desculpa, não entendi seu nome,
é Ronaldo?
Ele sorriu.
- Me chamo Osvaldo.
- Então Geraldo...
- É Osvaldo!
- Desculpa o som tá alto, quero
dizer, nem preciso dizer que o som tá alto né.
Sorriram.
Você se chama Marina, eu entendi
direito?
Não, é Larissa.
Desculpa Melissa, o som ta alto.
Sorriram novamente, dessa vez as
risadas se perderam em meio ao barulho e jogo de luzes, ele olhou para as mãos dela e viu
que ela tinha os dedos mais finos e delicados do mundo, ficou encantado com a magreza dos
braços que subia até a renda da blusa.
Ela pensou em corrigi-lo, se bem
que não adiantaria, achou bonito aquele jeito distraído de não entender nomes
no meio de uma festa.
Viu que ele sorria de lado e seus
dentes brilhavam conforme as luzes.
Aquela canção que tocou não havia
sido feito para eles, nem o baile, o barzinho, a bebida, a dança, nada tinha
sido programado para aquele encontro, nem mesmo o fato de morarem há duas
quadras de distancia e nunca terem se visto antes.
Nenhum pressentimento ao saírem de
casa e encontrarem um grande amor.
A letra não fazia a composição da
história dos dois, ao contrário, eram eles que faziam a composição daquela
letra e de tudo que existia antes dos dois existirem, curioso ou não, até o
segurança conspirou quando o deixou entrar sem convites, a prima Sueli também,
quando emprestou seu vestido. Intuição é esperar que aconteça aquilo que
geralmente não se espera que aconteça, não foi bem o que aconteceu e quase no
fim da festa, num beijo então os dois se renderam.
Carine Morais
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Tudo é nuvem
Dê a alma calma
De caminhar sem pressa
De apressar o riso
De soluçar o choro
De alimentar o gozo
Pra acalmar a fala
De demarcar o passo
E passear na dança
Porque a vida
Essa neblina mansa
Por mais que passe,
Não se cansa.
- Carine Morais
De caminhar sem pressa
De apressar o riso
De soluçar o choro
De alimentar o gozo
Pra acalmar a fala
De demarcar o passo
E passear na dança
Porque a vida
Essa neblina mansa
Por mais que passe,
Não se cansa.
- Carine Morais
domingo, 27 de outubro de 2013
Amores populares
Ela, cresceu
ouvindo a vó dizendo: "cada um tem a tampa da sua panela” não esquece menina, “todo
pé torto tem seu chinelo velho”, um dia você encontra o seu. Foi treinada a
acreditar que o amor era um encaixe, ainda que imperfeito, formula
inventada pela ciência, onde dois elementos uma vez misturados são capazes de
provocar uma reação em cadeia, corpos presos ao ar livre: a paixão.
Ele, cresceu
assistindo Bob em seu fantástico mundo, queria ser como ele, sair viajando por
aí em seu velotroz maneiro, um dia no mundo real, outro na lua, aprendeu a
encarar a vida solitária e fascinante, tornou-se um viajante acompanhado apenas
da própria sombra e de amigos imaginários que envelheceram ao seu lado, para ele
o amor nada mais era que conta inexata, um dividido por um, multiplicado por zero,
estava certo disso, ou não.
Os dois cresceram ouvindo que a
vida é uma caixinha de surpresa, não de fósforos, de música, alianças ou coisa
do tipo, mas caixinha de um mundo que dá voltas, eles também já escutaram isso, só
não sabiam até o dia em que se conheceram.
Ela fala que aconteceu num
domingo, ele afirma que era sexta, ela insiste que foi numa praça vazia depois
de um feriado que caiu no sábado. Ele não desiste da ideia de que era sexta
feira treze e que por sorte ela não era nenhuma obra do azar.
Para os cientistas que criaram
aquela formula em que dois elementos misturados emplacam uma paixão, esse
romance não poderia dar certo, fora que ela era de Marte e ele de Vênus.
Para os matemáticos do amor inexato
onde o resultado em análise ainda que hipotética jamais passaria de um, eles não
tinham nada para dar certo, só pelo fato de serem dois.
Até aqui um amor proibido, uma divergência
de vivências, ela atrás de um chinelo velho como dizia sua vó, ele numa moto
possante, número ímpar e solitário. Parecia piada, amor de novela, que só
funciona na ficção, parecia peça, dessas que a vida prega, que o acaso nos pega
e faz o que bem quer. Podia ser tudo, historia de gibi sem chance de final
feliz, mas era amor antes mesmo de ser. Ainda que a conta feche, mesmo que os
pés se cansem, com ou sem autorização, amar não é aquilo que ouvimos o senso
comum dizer, o amor é como sarampo, todos temos que passar por ele, já dizia a
minha mãe.
- Carine Morais
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Dançava faceira
a bailarina
ao som de valsa
girava o mundo
girava a saia
num túnel de tempo
onde as coisas
não paravam no lugar
era setembro
era outono
cujas folhas caíam
sem que ela soubesse
era um mistério
vê-la dançar
só tinha um passo
talvez escasso
até que a caixa
se fechasse
e ela désse
seu último
suspiro.
- Carine Morais
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Dia dos namorados
Eram dois vagalumes
vagamente à luz do lustre
Vagner seduzindo
num estilo demodê
Vagalú no mês de junho
apaixonados
sem saber porque.
- Carine Morais
vagamente à luz do lustre
Vagner seduzindo
num estilo demodê
Vagalú no mês de junho
apaixonados
sem saber porque.
- Carine Morais
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Angelina
Rarefeito é o ar
que fica
com teu sorriso
Angelina
Satisfeito
abro o peito
pras tuas fantasias
fito teu jeito
e já está feito
o efeito
adrenalina
me fale a respeito
me conte direito
o que te faz
ser tão menina.
- Carine Morais
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Opostos
Ela desenhava
flores
pétalas,
caules
e folhas
pintava botões
com aspirais,
inspirava as rosas,
criava margaridas
confundidas
com girassóis.
Talvez
ela apenas
fosse
a florzinha roxa
em sua última
página
da agenda
a espera
de um cravo
desatento,
que se apaixonasse
por uma violeta.
- Carine Morais
flores
pétalas,
caules
e folhas
pintava botões
com aspirais,
inspirava as rosas,
criava margaridas
confundidas
com girassóis.
Talvez
ela apenas
fosse
a florzinha roxa
em sua última
página
da agenda
a espera
de um cravo
desatento,
que se apaixonasse
por uma violeta.
- Carine Morais
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Tarde na Sertaninha
Tarde na Sertaninha
o clima estralava mais
que chão trincado em barras
e a seca esperava em
vão
uma gota de chuva
que saciasse a terra.
O céu com sol gemado
amarelava em nuvem clara
feito ovo estrelado
numa frigideira seca
cujo sal seu único tempero
estava no suor do
povo.
- Carine Morais
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Oração de uma criança
Meu Deus,
eu não quero perder
esse brilho que encontro na vida,
nas coisinhas pitorescas,
sempre tão engraçadinhas
e cheias de poesia.
não me tire os olhos
esses que vejo dentro de outros olhos
que em estado de graça choram
sem saber por quê.
me deixe ser pequenina
com visão daquelas formigas
que no jardim se deslumbram infinitas
toda vez que veem
um quindim gigante.
- Carine Morais
eu não quero perder
esse brilho que encontro na vida,
nas coisinhas pitorescas,
sempre tão engraçadinhas
e cheias de poesia.
não me tire os olhos
esses que vejo dentro de outros olhos
que em estado de graça choram
sem saber por quê.
me deixe ser pequenina
com visão daquelas formigas
que no jardim se deslumbram infinitas
toda vez que veem
um quindim gigante.
- Carine Morais
Serenando
Viu uma borboleta
pousar silenciosa
sobre pétalas de rosa
cuja margem estava
encoberta de orvalho e brisa
numa manhã atípica
despertando do frio.
Com galho de oliveira
escreveu em chão maciço
palavras que lhe serenavam
o pensamento:
''Em Deus nasce poesia''...
- Carine Morais
pousar silenciosa
sobre pétalas de rosa
cuja margem estava
encoberta de orvalho e brisa
numa manhã atípica
despertando do frio.
Com galho de oliveira
escreveu em chão maciço
palavras que lhe serenavam
o pensamento:
''Em Deus nasce poesia''...
- Carine Morais
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Entre fios
Tua mão desliza
por minha nuca
pra sempre ou nunca
estamos sós
entre fios soltos
como cordas vocais
a vibrar no sopro
de tua respiração.
- Carine Morais
por minha nuca
pra sempre ou nunca
estamos sós
entre fios soltos
como cordas vocais
a vibrar no sopro
de tua respiração.
- Carine Morais
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Thalythah
Thalytha
está ali
mesmo quando
aqui está.
Se fica a pensar
bem longe,
não adianta
lhe chamar,
porque seu mundo
é imaginário
onde as palavras
criam asas
e sua razão anda a pé,
não tente buscá-la
nas nuvens
ou pedi-la
para descer.
Thalytha
parece verbo
uma poesia
bem vinda
e amar
em sua língua
é Thalythar a vida.
- Carine Morais
P.s: Poesia dedicada à minha querida amiga Thalytha.
Assinar:
Postagens (Atom)