terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Que algumas pessoas não acreditem que o homem esteve mesmo na lua, dá até pra entender, mas tem gente que não acredita em amor, e isso é imperdoável. Podemos não acreditar no que nossos olhos vêem, mas não podemos desacreditar no que sentimos. Você já ficou com a boca seca diante de uma pessoa? Já teve receio de ela estar ouvindo as batidas do seu coração? Bem, isso tudo não é prova de amor, apenas de ansiedade. Amor é outra coisa. Amor é quando você acha que a pessoa com quem você se relacionava era egoísta, possessiva e infantilóide e isso não reduz em nada a sua saudade, não impede que a coisa que você mais gostaria neste instante é de estar tocando os cabelos daquela egoísta, possessiva e infantilóide.
Amor é quando você não compreende direito algumas coisas, mesmo tendo o QI mais elevado da turma, mesmo dominando o pensamento de Sócrates, Plutão e Nietzche. Perguntas simples ficam sem resposta, como por exemplo: como é que eu, sendo tão boa gente, tão honesto e com um coração tão grande, não consigo fazê-la perceber que ela seria a pessoa mais feliz do mundo ao meu lado?
Amor é quando você passa dias sem ver quem você ama, depois passam-se meses, e aí você conhece outra pessoa e passam-se décadas, e você já nem lembra mais do passado, e um dia qualquer de um ano qualquer você se olha no espelho e pensa: como é que eu consegui enganar a mim mesmo durante todo esse tempo?
Amor é quando você sente que seria capaz de amarrar o cadarço de um tênis com uma única mão ou de fazer a chuva parar só com a força do pensamento caso a pessoa que você ama lhe mandasse um sim deste tamanho.Amor é quando você sabe tintim por tintim as razões que impedem o seu relacionamento de dar certo, é quando você tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, é quando você não tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda não impede de fazê-lo chorar escondido quando ouve uma música careta que lembra os seus 14 anos, quando você acreditava em milagres. Tudo isso pode parecer uma grande dor, mas é uma grande dádiva, porque a existência do amor está toda hora sendo lembrada. Dor é quando a gente está numa relação tão fácil, tão automática, tão prática e funcional que a gente até esquece que também é amor.  (Martha Medeiros)

P.s: Vez ou outra aparecerá no blog alguns textos da Martha e esse é mais um deles. Puro encantamento.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pausa para se cansar

Chega um dia que a gente se cansa de tudo aquilo que nos trava no meio do caminho. De repente você se depara com uma lista de erros cometidos e sua vida amorosa está lá incluída entre elas, sublinhada e destacada com marca texto verde florescente, logo é absolutamente normal questionar o motivo de tantas mancadas e se o problema realmente está onde termina seu antebraço, no seu dedinho podre. Se você está passando pela vigésima quarta decepção e sente que não suportará o próximo baque emocional, tenho algo a lhe dizer: jamais estaremos livres de frustrações, as pessoas estão aí para isso mesmo, pra nos fazer sorrir, surpreender, irritar e assim por diante decepcionar, mas eis um conselho indispensável: quando fizer uma escolha na vida, nunca, em hipótese alguma crie muitas expectativas a respeito, o excesso delas só causará frustração e lá estará você  cometendo o vigésimo quinto erro.
Escolha é esse sim ou não que fazemos todos os dias e ninguém mais pode fazer em nosso lugar, porque fugir dela é viver a inércia de quem não participa de nada, é como não fazer parte dessa vida e se tornar um ET em meio aos humanos. Portanto, escolha! Escolha o que vai comer no almoço, escolha estar só ou viver um novo amor, permanecer ou abrir mão de um relacionamento falido, é importante que decida, ainda que seu coração esteja em cacos nada acontece por castigo ou praga de mãe, tudo é fruto das nossas escolhas.
Tá certo que parece monótono ter que decidir sempre, sobre tudo, inclusive para qual lado pentear o cabelo, mas no mínimo é interessante saber o que queremos na vida, isto é, aquilo que é prioridade em nossa listinha de desejos. Definir prioridades é o primeiro e fundamental passo pra se chegar em algum lugar, ou ficar plantado onde está, caso a escolha seja permanecer. Certa vez li um texto de Caio Fernando Abreu que dizia o seguinte: "O caminho é este, tem pedra, tem sol, tem bandido, mocinho, tem você amando, tem você sozinho, é só escolher, ou vai, ou fica." A mensagem é simples e clara, nos remete ao fato de que ninguem esta livre de pedras no caminho ou de mocinhos (que muitas vezes não passam de bandidos), entretanto temos a chance de escolher que rumo tomar e em qual curva virar quando nos deparamos com as velhas setinhas distintas e completamente incertas "direita" ou "esquerda". Todavia para os mais desmotivados talvez não exista opção de setas em sentido contrário, mas somente uma singela placa, com a preguiçosa sinalização " pausa para se cansar". 


É ir ou ficar. 
Eu fui.