quinta-feira, 28 de março de 2013

Ontem a noite...

Acordei depois de um sonho, era um sonho estranho, um carro pegando fogo e eu apagando com copinhos de água, estávamos eu e minha irmã dentro de um carro, até então não notei qual seria o modelo, ele estava parado na esquina da minha casa, o calor, e a falta de água que refrigera o motor acenderam uma pequena faísca que logo se transformou em fogo alto.
- Elaine, tá pegando fogo ali! Era no para-brisas do carro. 
Ela tentou assoprar, porém atiçou ainda mais a chama.
Bati com uma toalhinha de mãos, até que ela mesmo resolveu tomar de minhas mãos e bater com mais força ainda. Não adiantou. Por impulso e instinto descemos correndo para buscar ajuda.
Ao sair do carro, a cena era outra, não havia ninguém na rua, as casas estavam vazias, corri em direção ao portão de casa, abri uma pequena torneira que fica no cantinho da parede de entrada e por incrível e inútil que pareça a abri e enchi um copo com água. Corria até o carro, jogava e voltava, enchia novamente, voltava e tentava apagar freneticamente. Olhando a cena do lado de fora e já acordada, aquela tentativa era nitidamente em vão e isso por dois motivos:
1- o copo era pequeno e não cabia uma quantidade de água suficiente para o tamanho do fogo.
2- a distancia que eu corria para pegar um pequeno copo, fazia com que o fogo aumentasse dez vezes mais.
Mas continuei, não parei, mesmo com as chamas me intimidando, mesmo com as ruas vazias, sem telefone para chamar os bombeiros, eu acreditei que aqueles copos cheios acabariam com o fogo que consumia o carro, completo trabalho de formiguinha. Então me pergunto agora, onde estava a Elaine? Ela estava mais desesperada que eu, a verdade é que não sei, ela também sumiu, eu estava sozinha, lutando contra aquilo tudo. De repente indo e voltando para buscar porções de água, notei que as chamas estavam se acalmando, havia mais água no carro do que aquela ao qual eu estava buscando, meus olhos acompanharam um jato que saía de um grande balde, era a dona Maria, mãe da minha vizinha Ana, que apareceu para apagar o incêndio.
Fiquei estática, de onde ela havia saído?  como falei as ruas estavam vazias, não havia ninguém,  mas ela estava ali, com baldes transbordantes e sem me dizer uma só palavra, me olhava com dureza nos olhos, como se reprovasse minhas tentativas de formiga. Não compreendi a frieza de seus olhos.
Enfim o fogo acabou, e quando as chamas se renderam, magicamente o carro estava completamente inteiro! Sem marcas, pintura intacta, sem cinzas, sem fumaça, ele estava sem sinais de fogo, apenas com as rodas rebaixadas, a chama não havia destruído absolutamente nada e eu acordei, pensando sobre o que aquilo tudo queria me dizer, teria tido eu, sonhos de revelação assim como o profeta José do Egito? Gênesis 37:1-11. A interpretação do sonho ainda não me veio para que eu entenda. Qual significado teria o carro? o fogo? a água? Continuo a buscar explicação, mas espero que ela não venha em copinhos de água.

- Carine Morais

sexta-feira, 22 de março de 2013

Titubeio

Enquanto é noite
tenho visto estar o mundo,
Mas quando é dia
tenho tato, calo e mudo,
torto,
tonto,
tento,
tateio, 
Ao vento me jogo,
por vezes titubeio,
Peco, erro, acerto em cheio.
Sou do tipo temperamental,
em face das horas luto.
Quanto ao tempo, 
tenho estado, 
atento a quase tudo.

- Carine Morais

quarta-feira, 20 de março de 2013

Amado

Amoroso namorado,
As vezes tu me deixa tonta com tantos abraços,
e tuas declarações serenas, me despertam formigas nos pés.
Teus beijos roubados me adormecem os lábios,
por vezes esqueço de poupar o coração, 
bate fora do passo,
tomara que não seja aquele tal problema do miocárdio,
Deus queira que seja só paixão. Como se fosse só!
Amado, tu sabes me convencer de que o amor existe,
eu que te disse no primeiro dia que ele só nascia
no coração dos trouxas, que nem uma florzinha roxa
de um poema que li. (você sorriu)
Veja só no que nos tornamos!
Amado dos meus olhos, é tão bom te ver sorrindo,
só você gargalha cantando e 
teus ruídos lampejam como notas musicais,
dó, re, mi, fá, sol, não sei lá. Só sei que é bonito.
Precioso da minha alma,
Quando chegares a noite, vem de mansinho sem avisar,
feito gato no telhado,
Sabe que adoro teus mistérios,
E mesmo que me apareça todas as noites,
Tuas vindas serão a surpresa que nunca espero.
Então finjo que não sei e tu finge que não sabia.
Fica combinado!
Amoroso namorado, já lhe disse que és muito amado?
Hó sim, só para que não se esqueça.

- Carine Morais

segunda-feira, 18 de março de 2013

Do sono ao sonho



Um degrau,
do sono ao sonho
um espaço cideral.
do sono ao sonho
uma intenção,
uma letra,
pequena,
moída,
sem som,
sem sal,
falida.
Uma chance de realizar.
Do sono ao sonho
Apenas um céu,
Um eco,
Uma estrela,
Consoante cintilante,
uma intenção que haverá.
Que não fique 
para amanhã
o que se pode
fazer hoje.
No silêncio, 
um agá se esconde,
Nesse breve instante
de sonhar.

- Carine Morais

quinta-feira, 14 de março de 2013

Do alto da minha Florinda

Cresci feito passarinho,
aprendi a ver a vida
do alto e por um triz.
Me criei correndo descalça,
no encalço das pedras,
me fiz forte,
aos tropeços, aprendi.
Já me meti a menino,
soltei pipa, joguei pião,
era tudo vaidade,
curiosidade de criança malina
pra dizer que de tudo nessa vida
já descobriu.
Na alteza entre os galhos 
é que eu via o nascer das coisas,
Todo orvalho entre as folhas
era o anuncio de um novo dia,
Toda flor entre os galhos
era o despertar de um novo tempo,
Caminhei por tapetes
de pétalas que caíam, 
privilégio pra poucos...
Uns caminham sem saber,
Outros sabem sem sentir,
que sentido tem andar
por entres as flores
se não for pra se sentir princesa?
depois que a primavera passa
é que se perde a realeza.
E foi subindo no topo
de minha Florinda árvore que descobri,
a riqueza que existe no mundo
não cabe no bolso do homem,
cabe dos olhos para dentro
e as vezes escorre,
quando é tanta que reluz. 

- Carine Morais

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sonho

Sonhar com você é divino, sorrindo assim com os dentes abertos e os olhos apertados, não sei porque me lembra aqueles cavalheiros de filmes épicos, só que desarmados, nós dois, eu e você, sem armadura alguma, como um casal de principeza apaixonado, bobos.
E você senta comigo na calçada, encurva o pescoço e me sorri por debaixo do queixo, não tem momento mais lindo que esse! é um quase beijo acordado, nossas almas se reencontram na terceira dimensão do acaso. Cristalizamos, congelados no tempo incontável. Sonhar nunca foi tão eterno.

- Carine Morais

segunda-feira, 4 de março de 2013

A menina dos olhos encantados

Tinha uma tristeza encantada nos olhos, feito os olhos daquele sapo príncipe das histórias, só que antes de ser beijado. Era um encanto triste, e desse encanto ninguém vive. Vegeta.
Até que encontrou um livro e nele estava escrito: O Fantástico Mundo da Poesia. Não pensou duas vezes, mergulhou no fundo da palavra, só  emergiu  pra respirar encantamento. Sentiu-se beijada.
- Tenha dó minha filha! Dizia sua mãe ao vê-la com o livro pela casa.
- Tenho dó não minha mãe, tenho amor, descobri isso ontem. 
Folheou duas páginas, desencantando a tristeza, reacendendo o olhar.

- Carine Morais

Ela (homenagem a uma amiga anjo)

Ela não é Alice, Cinderela, Ariel, Branca de Neve ou Anastácia, mas é princesa.
Podem haver por aí, muitas Marias, Penélopes e Andrezas, porém esta se torna única, tem simpatia de flor.
Ela é linda, ou melhor, mais que isso, é uma bela incógnita,  é um sorriso aberto caminhando pelas ruas, tem a alma colorida e só a vê quem tem nos olhos a riqueza de arco-iris percebido cada vez que ela nos toca.
Tem um coração regenerado, que é repartido com quem ama, distribuindo vida a fora pedacinhos de ternura, não há pedaços que lhe faltem, pois ele volta a crescer, sempre volta, o bem que ela faz é sem tamanho e se distribui tanto carinho é só para não sair flutuando por aí, em suas emoções que chegam ao céu.
Se pudesse tocar as nuvens, os passarinhos pousariam em seu ombro e sairiam para dar uma voltinha despretensiosa,  porque é assim que nos sentimos ao estar em sua presença, é como se estivéssemos numa tarde de domingo, sentados num banquinho da praça, jogando conversa fora e colhendo no gramado um raminho de rosas delicado.
O gramado é como a nossa vida, nós as mãos colhedoras e a rosa que enfeita a praça se chama Andreza, uma mistura pitoresca de princesa e flor. 

- Carine Morais