segunda-feira, 13 de junho de 2011

Neanderthalensis Futebol Clube


Estive observando o comportamento humano e me interroguei sobre o que é um homem assistindo jogo de futebol? É a coisa mais ogra e primitiva do mundo. Fui convidada a assistir o jogo do Vasco x Coritiba e como uma boa flamenguista que se preze torci pelo Coritiba,  time que nunca vi, mas que fiz muita questão. Chegando no recinto lá estavam os vascaínos espalhados, pareciam apreensivos, sufocados pelo grito na garganta de anos sem vitórias pra comemorar, mas não estou aqui para tocar na ferida vascaína, até porque não entendo nada dessas coisas de Copa do Brasil, títulos e estrelinhas sob o brasão, é demais pra mim, voltemos para meu ponto de observação.
De um modo geral a reação masculina diante uma partida de futebol é sempre a mesma, como havia dito anteriormente eles se transformam literalmente no homem das cavernas. Antes de começar o jogo não podem faltar é claro as apostas! E vale tudo: chiclete mastigado, 20 conto, dente de ouro e caixa de cerveja! Há! Sempre ela, 2 horas antes de começar o jogo eles se reúnem com os amigos tomam aquela cervejinha gelada e procedem com o ritual de toda final de campeonato: vestem a camisa, beijam o brasão, fazem o sinal da cruz (eles são bem devotos) e seguem para o primeiro bar que transmita o jogo. É fato que mulher de fanático sempre sobra nessas horas, e nem adianta implorar por atenção porque você é explicitamente trocada por 11 homens e uma bola, no entanto o segredo é não se deixar abalar pelo instinto torcedor que a maioria dos homens possui naturalmente, ainda que você assista futebol para agradar seu homem no momento em que o juiz apitar o jogo você será somente parte decorativa da sala, eles se desconectam desse mundo, mas não fazem por mal, acontece que eles não são eles ali diante a TV, se transportam para o estádio e se emocionam como se estivessem lá, cruzam os dedos, levam a mão à boca, expressam, raiva, espanto, dor, erguem os braços e soltam palavras que eu não escreveria aqui... A mãe do juiz coitada, só não é chamada de santa, isso se já não morreu de desgosto.
Enquanto os jogadores correm no campo sempre tem um que grita do lado de cá: toca pro lado, ali, cruza! Cruza! PQP é falta!!! Como se adiantasse alguma coisa... tsc...tsc... tolinhos, incorporando o “espírito de técnico “ eles acreditam fielmente que estão na beira do gramado e que dando as coordenadas o time poderá vencer, homens adoram pensar que estão no controle de tudo.
De repente eles fixam os olhos na tela e o coração pára por alguns segundos... Volta a bater, é Gol! É Gol! GooooooooooooooooooL, grita o narrador dando mais ênfase no “O” que Xitãozinho e Xororó em Galopeira! Nesse instante o torcedor se transforma num verdadeiro Neandertal que esbraveja soltando um Ráaaaaaaaagrrrrsh! ou coisa parecida, correm para abraçar outros da mesma espécie e eis o ápice da emoção, choram, beijam o manto sagrado, se ajoelham e agradecem! O gol que é anunciado em 3 minutos parece uma eternidade, porque eles vibram em câmera lenta, é engraçado que mesmo aqueles que não se conhecem parecem íntimos, amigos de infância, e sem pudor ou preconceito se abraçam e fazem um amigo para a vida toda. Desce mais cerveja, porque desse jeito o coração não agüenta o timão está ganhando, a esperança volta a surgir. “Juiz ladrão!” alguém solta revoltado, para angustia dos cuecas: 5 minutos de acréscimo, minutos que parecem horas e deixam o torcedor em êxtase de tanta ansiedade, perdem as unhas, os cabelos, o juízo e a cada contra ataque do time adversário, um soco no estomago, um aperto no coração.
Fim do jogo, Vasco foi campeão e garantiu vaga para a Libertadores, aqueles que ganharam suas apostas saíram com sorriso no rosto e caixa de cerveja debaixo do braço (foram eles: São Paulinos, Corintianos e Botafoguenses), os que torceram contra (tipo eu) sentiram certo incomodo por tanta comemoração, mas no fundo reconheceram que a vitória foi merecida, já os vascaínos mal podiam se conter de tanta felicidade e não pararam por aí, os mais novos “amigos” combinaram a carreata da vitória, com direito a cara pra fora e bunda Lelê na janela, precisavam mostrar para o mundo a vitoria tão sofrida, o arremate da caça realizada pelo Homo neanderthalensis . O resto bem, foi farra, festa e folia, porque o sentimento de ser campeão não tem preço. Ráaaaaaaaagrrrrsh!





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