domingo, 13 de julho de 2014

Reflexos do meu não ser


Esta sou eu, ora virtudes, ora defeitos
com dois lados paralelos de um rosto
que sorri e chora

eu poderia ser a pintura de um retrato imaginário
que nas mãos de um bom pintor
sonharia em existir

poderia ser uma francesa,
saindo à francesa pelas ruas de Paris,
fotografada por Doisneau

um cacto no deserto
que apesar dos espinhos
empresta beleza a cena

mas esta sou eu, vinda de um solo fértil
do sonho de não existir apenas por existir,
sou o que não reflete o espelho.

- Carine Morais

Um comentário:

  1. Lendo teu primeiro terceto, ocorreu-me certa vez que alguém me perguntou qual a maior virtude deveria o ser humano buscar. Peguei-me a dizer-lhe que a maior virtude que alguém possa ter é reconhecer seus defeitos com sinceridade. Sim, somos ora virtude, ora defeito. E há boas dúzias do que poderíamos ser, mas como é bom estarmos plantados no fértil solo do sonho de não apenas existir, de não apenas refletir, mas ser, com nossas virtudes e defeitos, a diferença na vida de muitos, ou ao menos na vida de alguém! Não ser tudo, mas ser a diferença do todo – eis o que é belo em alguém! Esse teu poema é deveras inspirador! Como nunca tanto quanto como sempre, amiga. Beijossssssssss

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