Ela, cresceu
ouvindo a vó dizendo: "cada um tem a tampa da sua panela” não esquece menina, “todo
pé torto tem seu chinelo velho”, um dia você encontra o seu. Foi treinada a
acreditar que o amor era um encaixe, ainda que imperfeito, formula
inventada pela ciência, onde dois elementos uma vez misturados são capazes de
provocar uma reação em cadeia, corpos presos ao ar livre: a paixão.
Ele, cresceu
assistindo Bob em seu fantástico mundo, queria ser como ele, sair viajando por
aí em seu velotroz maneiro, um dia no mundo real, outro na lua, aprendeu a
encarar a vida solitária e fascinante, tornou-se um viajante acompanhado apenas
da própria sombra e de amigos imaginários que envelheceram ao seu lado, para ele
o amor nada mais era que conta inexata, um dividido por um, multiplicado por zero,
estava certo disso, ou não.
Os dois cresceram ouvindo que a
vida é uma caixinha de surpresa, não de fósforos, de música, alianças ou coisa
do tipo, mas caixinha de um mundo que dá voltas, eles também já escutaram isso, só
não sabiam até o dia em que se conheceram.
Ela fala que aconteceu num
domingo, ele afirma que era sexta, ela insiste que foi numa praça vazia depois
de um feriado que caiu no sábado. Ele não desiste da ideia de que era sexta
feira treze e que por sorte ela não era nenhuma obra do azar.
Para os cientistas que criaram
aquela formula em que dois elementos misturados emplacam uma paixão, esse
romance não poderia dar certo, fora que ela era de Marte e ele de Vênus.
Para os matemáticos do amor inexato
onde o resultado em análise ainda que hipotética jamais passaria de um, eles não
tinham nada para dar certo, só pelo fato de serem dois.
Até aqui um amor proibido, uma divergência
de vivências, ela atrás de um chinelo velho como dizia sua vó, ele numa moto
possante, número ímpar e solitário. Parecia piada, amor de novela, que só
funciona na ficção, parecia peça, dessas que a vida prega, que o acaso nos pega
e faz o que bem quer. Podia ser tudo, historia de gibi sem chance de final
feliz, mas era amor antes mesmo de ser. Ainda que a conta feche, mesmo que os
pés se cansem, com ou sem autorização, amar não é aquilo que ouvimos o senso
comum dizer, o amor é como sarampo, todos temos que passar por ele, já dizia a
minha mãe.
- Carine Morais
Eu só quero saber quando teremos a oportunidade de termos um livro seu pra apreciarmos? :D
ResponderExcluirTambém sonho com um livro bem lindo para dar de presente a vocês... Espero que seja em breve. rsrs
ExcluirMe lembrou a história de Eduardo e Mônica, rs.
ResponderExcluirComo o rapaz daqui de cima falou, isso é texto para se pôr num livro, e eu também estou na espera do seu primeiro.
O que não pode é parar de sonhar, nem que seja com um chinelo ou com Vênus. Que essa caixa de surpresas se abra para os dois e que se descubram como um céu quando as nuvens vão embora.
Está lindíssimo, Carine.
Beijos!
Obrigada Mirthy! suas palavras sempre me trazem bom ânimo, também desejo muito ler um livro seu e sei que não vai demorar. Ansiosa por esse dia!
ExcluirBeijos e obrigada!
A 'Nulividência' é a ciência ou arte de esperar da vida coisas exatas; como o próprio nome diz, ela é nula. Tu falastes bem desse sarampo. Foi belo. Nunca o peguei, mas não pratico nulividência. Apenas tomo xarope e deixo. És bela também em escritos de prosa. Lança o livro. Vais bater o Edir Malcedo. Beijosss
ResponderExcluirhaha obrigada Lucas! realmente não pratica nulividência, nunca sei o que posso esperar de ti e sempre me surpreende com seus comentários cheios de atenção e carinho. És muito bem vindo por aqui! Lança um livro também, estou na fila pra compra-lo. rsrs
ExcluirBeijos!
Um mês! Tu fazes muita falta. Saudades. Beijossss
ResponderExcluirDeixo meu coração aqui e saio por aí resolvendo assuntos que a vida adora nos impor a fazer. Reta final na faculdade rsrs
ExcluirCá estou de volta!
Beijão!!