Caminhava por detrás de
grandes óculos, terno amarrotado por metrôs lotados e pasta enigmática com fecho quebrado. Enquanto as ruas passavam por ele, os postes lhe sorriam sem muita receptividade,
as horas corriam contra o tempo, mesmo as coisas que lhe pareciam
contraditórias (como o horário de verão na primavera) faziam algum sentido, mas
Epifânio em sua discrepante incompreensão, não.
Estava de braços dados com o
abandono, o convívio o tornara a cara da indolência. Abandou seu jeans predileto, a barba por fazer, os pães da padaria, as caminhadas do fim da
tarde, renunciou seu aquário querido, deixando morrer o peixe Billy, presente
de uma ex namorada dos tempos de faculdade e tal qual um peixe fora d’água estava
mais esgotado que o próprio Billy, que já partira dessa para melhor.
Dois prédios, uma rua ao
meio , uma janela e uma ideia, essa era a distância que o separava do motivo
que mudaria sua vida, lá estava ela, sentada e distraída, cabelos ruivos,
primeiro dia de trabalho, o relógio fazia barulho, era meio dia, um ruído que
nada mudaria o trajeto de seus olhos, apenas uma percepção desperta, vivaz. Após o tic do ponteiro, um tac entre os olhares que se encontraram, as mãos de Epifânio correram até o pincel que estava sobre a mesa, tic, tac... alguns rabiscos e uma placa que dizia: “Oi,
tudo bem?”, foi erguida da varanda, o intento surtiu efeito, arrancando
da moça bonita um sorriso aberto e alguns raios de sol. Até aqui, apenas uma divergência, uma Epifania ou a
coerência que antes não existia, Epifânio
enfim enxergava a vida.
- Carine Morais
Vengo del blog de Vengo del blog de Flor de Maracujá (aescritoraemmim) y me ha encantado tu Rincón; por lo cual, si no te importa, me gustaría ser Seguidor de tan bello Espacio, que es el Tuyo.
ResponderExcluirUn abrazo. y me ha encantado tu Rincón; por lo cual, si no te importa, me gustaría ser Seguidor de tan bello Espacio, que es el Tuyo.
Un abrazo.
Holla Pedro!
ExcluirSeja bem vindo ao blog Menina Amora, fico feliz com sua presença aqui, o espaço é nosso. Obrigada pelo carinho.
Grande abraço!
Oi, tudo bem...?
ResponderExcluirPara enxergar a vida, às vezes é preciso algum esforço, como o do Epifânio... rsrs...
Uma história simples, mas muito bem contada. Gostei muito.
Beijinhos, Carine.
É verdade Nilson, a vida sempre pede algo de nós, mas é justamente para vivê-la ainda melhor. Obrigada por sua visita!
ExcluirBeijos meus :*
Oi, Ca, bom dia!!
ResponderExcluirAcho que não vou mais falar sobre a qualidade de seus textos, senão vai ficar evidente demais a condição de fã número um e o fã número um é aquele chato que quer dizer ao mundo o que o mundo já sabe: que quem ele admira o mundo já admira também, porque não é cego.
Pobre Billy, acabou como efeito colateral... Terá morrido de fome ou, por conta do delírio dela, pulado fora do aquário para comer a ração no armário e morrido afogado no seco... Sentiremos sua falta.
As grandes idéias que o coração nos sugere devem ser acatadas, mesmo que pareçam forçadas, às vezes... Um cartaz... Que grande modo de atravessar uma rua... Que grande modo de abrir um sorriso... Mas, que fazer, depois do sorriso?! pois a rua continua lá! Mas, bem, um sorriso quer dizer que a porta está aberta (sorrisos não são isso?) e que a saudade foi expulsa do coração pela epifania na vida do Epifânio. Se despertar não é isso, não sei o que poderia ser.
Um beijo carinhoso
Doces sonhos
Lello
Amo seu blog.
Boa tarde Lello!!
ExcluirFique sabendo que a admiração aqui é recíproca, amo tuas poesias, seu jeito leve de ver a vida. Sinto humor em suas palavras, bom ânimo, energia vital, então sou outra suspeita a falar sobre tudo o que você escreve. Amo e ponto.
O Billy faz uma falta danada porque era ele que coloria uma casa totalmente cinza, fugindo do lado triste dessa perda, temos o Epifânio se apaixonando e vejo isso como uma das coisas mais lindas da vida. Eureka!
Obrigada por suas visitas aqui, sempre tão cheias de boas energias.
Beijos meus!
Massa! Você sabe passar imagens nítidas com as palavras. Muito bem.
ResponderExcluirOlá Fred!
ExcluirObrigada, fico feliz com sua visita, sinta-se em casa.
Abraço!
Então a Epifânia passou a ser o epicentro dessa vida que andava sem cor. Esse sorriso que abriu-se como o sol certamente veio a iluminar a vida. Agora que Epifânio vive novamente, todos os tics e tacs do relógio trazem sentido, todas as ruas, os prédios, os dias, as varandas, os peixes, os aquários, os pães, as pastas, os postes, ternos, metrôs e óculos tem razão de ser. Agora a vida levanta uma placa respondendo a ele "Com toda a certeza, tudo bem!" Um texto leve e que aborda a mais incontestável de todas as verdades. Parabéns pela escrita. Um abraço!!!
ResponderExcluirA vida voltou a acontecer!
ResponderExcluirObrigada Paulo por sua visita, por ler os textos e deixar registrado aqui muito de sua visão criadora, a percepção de um grande leitor.
Abraços!!
Oi amiga Linda..
ResponderExcluirVocê é completa e seus textos encantam-me!!
Bjos
Amiga da minha vida!
ResponderExcluirObrigada por ser tão linda.
Amei te ver por aqui!
Beijos
Isso aí Carine. Me transportei até o personagem de terno amarrotado e abri um sorriso no final.
ResponderExcluirSinta-se a vontade para entrar na história, cada vez que desejar!
ExcluirAbraços, Daniel