Abriu
os olhos lacrimejados com remelas adormecidas, saiu para ver o sol
tinindo queimando as roupas no varal, já na porta da casinha de Taipa deparou-se com a vida, prontamente
abriu os braços para recebe-la, doída, efêmera, espalhafatosa,
alguma verdades chocaram-se contra o peito, viu na experiência do
dia a dia o que os estudiosos já previam na filosofia, na
antropologia da vivência: toda dúvida gera mudança, duvidar é
abrir espaço para o novo.
Questionou se aquela vida seguiria, quis ser forte para lutar, sem pão e sem comida, abriu mão da sertaninha vila de Santa Cruz, interiorzinho do Ceará, foi-se embora para São Paulo, lá a vida era incerta, mas provável de muitas opções. Antes da partida, a mãe não queria, o pai não queria, nem os dez irmãos, de pergunta em pergunta respondeu a todos de uma só vez, em especial para si mesmo: aqui nasci, lá quero renascer, meu sonho de viver nesse lugar se foi com a chuva, que já não vejo mais cair, vou embora, mas um dia volto pra buscar vocês. Segurou-se a única certeza e com lágrimas cheias de saudade, deixou para traz a terra que o concebou.
Questionou se aquela vida seguiria, quis ser forte para lutar, sem pão e sem comida, abriu mão da sertaninha vila de Santa Cruz, interiorzinho do Ceará, foi-se embora para São Paulo, lá a vida era incerta, mas provável de muitas opções. Antes da partida, a mãe não queria, o pai não queria, nem os dez irmãos, de pergunta em pergunta respondeu a todos de uma só vez, em especial para si mesmo: aqui nasci, lá quero renascer, meu sonho de viver nesse lugar se foi com a chuva, que já não vejo mais cair, vou embora, mas um dia volto pra buscar vocês. Segurou-se a única certeza e com lágrimas cheias de saudade, deixou para traz a terra que o concebou.
Após horas incontáveis, chegou ao seu destino, lugar desconhecido onde a lua cintilava, estrelas pouco se
via, os prédios cobriam toda a cidade, no banco da rodoferroviaria
dormiu pelo tamanho do cansaço, abriu os olhos quando já era dia,
duvidava se aquilo tudo era verdade, só sabia que por dentro seu passado lhe comovia.
Subitamente interrogações lhe agarraram pela gola da camisa o fazendo levantar,
despertou numa tristeza que doía, apesar de
ser um homem de incertezas, era cheio de muita coragem, não sabia ao certo que horas
seriam, nem para onde iria, com a morte de um sonho lhe remoendo por inteiro, manteu-se
vivo por insistência, acordou indisplicente, sem saber se estava vivo.
- Carine Morais
Oi, Carine, bom dia!!
ResponderExcluirQue texto magnífico! Amo em você a transposição do cotidiano em verdade existencial, do efêmero no eterno. Amo esse entrelaçamento de filosofia e psicologia em fatos inegavelmente comuns. Pois é exatamente isso que a vida é, e você sempre a vê com a profundidade ou magnitude que ela possui. Acordar no interior do Ceará, ou acordar num banco de estação rodoferroviária em São Paulo não responderá a ninguém se ele de fato está vivo. Aliás, o estar vivo é uma questão filosófica ainda não respondida satisfatoriamente. Mas, a princípio, viver nos parece mais palpável no que realizamos, no que a existência ganhe um sentido. É no sentido da vida que está a vida - ou ao menos a melhor percepção dela!
Um beijo carinhoso
Doces sonhos
Lello
P.S. - Amo seu blog.
Bom dia Lello!!
ExcluirGosto bastante da sua visão, dos detalhes que algumas vezes passam despercebidos e que você incrivelmente os capta, olhar 3D é o que você possui e por isso fico sempre feliz com suas passagens por aqui. O que seria estar vivo? Comprar um carro? Formar-se na universidade dos sonhos? Uma casa em frente ao mar? Viver só condiz com nossa realidade quando está ligada a alguma realização pessoal, é incrível como não tinha observado isso antes, você me trouxe essa ideia e devo concordar que viver ultrapassa qualquer entendimento, entretanto a vida só existe no sentido que damos a ela, perfeito! É provável que o homem que acordou sem saber se estava vivo, tenha duvidado da própria existência porque seus sonhos não existiam mais. Então devemos torcer para que em São Paulo ele reencontre o sentido que lhe falta, tornado assim a viver novamente.
Beijões!
Muito bom esse aqui. escrevi uma crônica sobre uma família que conheci no interior do Ceará. Veja se acha bacana:
ResponderExcluirhttp://buscainternapaz.blogspot.com.br/2012/08/como-e-bom-conhecer-pessoas.html
"Como é bom conhecer pessoas empreendedoras" Abraço
Olá Daniel!
ExcluirValeu pela visita, seus comentários são sempre bem vindos!
Vou ler sua crônica e deixar minha opinião.
Beijos!!
Obrigada
Aqui você descreve bem a coragem que um homem tem que ter para mudar. Passava sede e não tinha como saber sobre esse novo mundo. Na minha opinião os evoluídos espiritualmente até se perder por um tempo, mas sempre se acham. Vejo um vigor muito forte no coração desse homem.
ResponderExcluirUm homem de coragem, mesmo na incerteza da vida possuía.
ExcluirTenho enorme desejo de que as pessoas possam encontrar a evolução da vida, da experiência e da espiritualidade como você bem lembrou. Assim fica mais fácil saber a que viemos e porque seguimos aqui.
Forte abraço!