Que prazer deve existir em beijar os ombros de alguém? Pensava ela, enquanto ele lhe beijava os ombros. Passou-lhe a mão pelo rosto e o queixo dele já estava encaixado em suas saboneteiras. Meio que um sufoco. Respirou por cima de seus cabelos, estavam arrepiados com gel. Braços envoltos em sua cintura 56. Juntos pareciam uma oldicéia, ou dois polvos se flertando a luz do dia. Ou melhor, mais que isso, era como se estivem dentro de uma máquina do tempo, dessas em que as décadas passam depressa enquanto seus viajantes ficam parados no lugar. Voltaram ao primeiro encontro, no dia em que sentaram no meio fio do colégio e conversaram sem se tocar, rolou até despedida sem beijo, ele ficou sem jeito de puxa-la pelo pescoço como se passava em sua cabeça. Ela poderia gritar, ou não, poderia virar o rosto, se bem que estavam perto e não daria tempo. De repente um beijo de raspão, um descuido qualquer, no canto da boca talvez. Sorriu.
Ela pensou em beija-lo no rosto, mas preferiu mexer no cabelo, já estavam de pé e a mochila pesava pra caramba, quis pensar que ele iria beija-la, mas ficaria vermelha só de pensar. Ficou vermelha. Tossiu dizendo: "então tá né! hora de ir."Quis morrer por dentro, não se despede de quem se gosta assim. Sorriu pequeno, dando tchau de perto. "Droga! também não se dá tchau de perto". Se perderam de vista...
Mas agora era diferente, era presente, seis semanas depois do primeiro encontro. Nem fazia muito tempo é verdade, mas até ali a espera havia sido grande. Mais que dentro da máquina do tempo, estavam com saudade o suficiente, próximos mais que antes, estavam em 04 de Fevereiro de 2013. Estavam dentro de um abraço.
- Carine Morais
Mega, hiper sentimental... Senti-me até no lugar da personagem e, pelo que imaginei, foi algo perfeito e lindo. Acho que tantos de nós já passamos por algo assim, de querer doar bem o que se sente, mas se conter por algum motivo ou timidez...
ResponderExcluirC'est la vie... rs
Ah, nada como um abraço desejado e suculento, não é? rs
Grande beijo, poetisa Carine!
Rs... verdade Mirthy, todos nós já passamos por isso.. ou passaremos, que assim seja! porque é de uma delicia incomparável essa da conquista, dos passos tímidos, da espera paciente, da viagem no tempo.
ResponderExcluirHa! como é bom...
Obrigada, poetisa de primeira!
Beijos meus